Expedição Terra de Gigantes 2013
"Acreditamos na força de nossos sonhos, fomos lá e mostramos que era possível sim!"
Se aproximava o final do ano de 2012 e não sabíamos se participaríamos da etapa 2013, pois um dos nossos integrantes, o Carlos França, já tinha anunciado que permaneceria focado apenas no Ironman, seu esporte de origem.
Em meados de dezembro, eis que surge o Adriano (Lima) Costa, ex oficial do Exército e mais um entusiasta dos esportes de aventura. Após conversas preliminares, estava definido o 4º integrante da equipe e a meta de realizar aquela etapa continuou acesa.
Em janeiro o Lima começou sua peregrinação para aquisição de todos os itens obrigatórios e os treinos foram retomados. À exceção do Cláudio, que treina regularmente para provas de Triathlon, os demais integrantes mantinham treinos apenas esporádicos.
Marcelo Noia e Rodrigo Coutinho seguiram treinando no RJ, Cláudio em Guarulhos - SP e Lima no DF.
Dois dias antes da prova, o Lima e o Cláudio foram para o RJ. Equipe reunida; na véspera da prova, seguiram todos para Búzios, local de largada.
Já instalados no hotel base, começaram os preparativos. Era um tal de descarregar bike, montar bike, ajustar bike, conferir equipamento, preparar mochilas, conferir tudo de novo....
Nesse momento, a tensão começa a se manifestar e os atletas já começam a entrar no clima de prova. No fim da tarde retiramos os kits com a organização da prova e, ao montar os mapas, pudemos ver quão grande seria a prova (aprox. 230Km).
À noite, durante o briefing, Marcelo Noia e Rodrigo Coutinho permaneceram para receber as instruções enquanto o Lima e o Cláudio forma levar as bikes da equipe para o AT2 (área de transição das bikes), em Rio Das Ostras, distante aprox 30Km por rodovia.
Após o briefing nos reunimos para traçar nossa estratégia. Foi decidido que o foco seria concluir a prova sem cortes, ou seja, passar nos PCs dentro do tempo previsto pela organização, para não ser penalizado como na edição anterior. Isso certamente ia requerer de nós um sacrifício um pouco maior.
Dia da prova:
Já pela manhã, tomamos o café da manhã juntos e, às 8:00h, estávamos os 4 no pórtico de largada, diferentemente do ano anterior, quando largamos 15 min atrasados.
O primeiro trecho tinha cerca de 20Km de trekking e 2 PCs. Da largada ao PC1 a maioria das equipes se perdeu e tivemos a feliz surpresa de nos encontrarmos em 2º lugar após o PC1. Isso nos encheu de motivação. Mas sabíamos que não duraria para sempre.
O trecho entre o PC1 e o PC2 era longo e acabamos sendo ultrapassados por algumas equipes de ponta que sabíamos que não ficariam atrás de nós por muito tempo.
Nossa meta era chegar no PC3/AT1 até as 11:00h. Depois de um trecho de aprox 6Km de trekking costeiro, com água na cintura em alguns momentos, chegamos na Área de transição para os caiaques por volta de 10:45h. Primeira meta alcançada.
Nesse momento da prova iniciamos uma "pernada" de aprox 20Km de canoagem, em caiaques duplos, de Búzios a Rio das Ostras, em mar aberto. O dia estava lindo. Foram aprox 4 horas de canoagem e esse foi, sem sombra de dúvidas, o trecho mais bonito da prova.
Chegamos em Rio das Ostras (AT2) pouco depois das 14:00h e a preocupação passou a ser passar no primeiro corte, que seria no AT3, às 19:00h. Ainda em Rio das Ostras, na AT2, nos permitimos nos alimentar, trocar algumas peças de roupa e o Cláudio aproveitou para tomar um banho e tirar a água salgada do corpo.
Pegamos as Bikes e seguimos em direção à AT3. Era um trecho de pouco mais de 30Km, cruzando a BR-101 e com algumas subidas no trecho final. Nessa parte da prova, o Lima sentiu um pouco em virtude do pouco tempo de preparação que teve. Porém conseguimos chegar na AT3 bem antes do horário previsto para o corte e, ainda com 1 hora de antecedência, partimos para o 2º trecho de trekking (aprox 25Km cruzando serra) que terminaria na AT4, onde seria o 2º corte. Tínhamos que concluir esse trecho até as 02:00h. Sobrava tempo. Estávamos tranqüilos.
Acontece que nesse trecho encontramos em torno de 6 equipes perdidas e, pra variar, também nos perdemos e o tempo é cruel. Começamos a nos preocupar com o 2º corte. O tempo que antes sobrava, passou a ser nosso inimigo. Quando alguns começavam a cogitar voltar, eis que achamos a trilha no azimute sugerido, numa subida vertiginosa e que, mesmo a passo, exigiu de nós bastante fôlego. Bem, conseguimos achar o PC6 (que ficava na crista da serra) e iniciamos a descida rumo à AT4 (onde seria o corte), de olho no tempo. Àquela altura, o Lima (que teve menos tempo de preparação), começou a demonstrar sinais de cansaço. Ainda assim, conseguimos chegar no 2º corte com 15 minutos de antecedência. Bem, não havia mais cortes. Naquele momento asseguramos a realização completa da prova.
Embarcamos em mais cerca de 20Km de canoagem rio abaixo, onde encontraríamos novamente as bikes para o trecho final da prova. Dessa vez concluímos a canoagem noturna secos. Ninguém virou na água durante a madrugada.
Chegamos nas bikes antes das 06:00h. Àquela altura, o Lima demonstrava grandes sinais de cansaço e cogitou desistir da prova, pois seriam 100Km de MTB no último trecho da prova e o pouco tempo de treinamento estava fazendo a diferença, assim como fez com o Coutinho e com o Noia no ano anterior. Aquele comentário foi como um balde de água fria na equipe. Aguardamos cerca de 1 hora para que ele pudesse se recuperar e, após se utilizar de cremes analgésicos, partimos para o último e derradeiro trecho de bike. Após algumas horas de pedal e algumas paradas ao longo do caminho, chegamos no último PC, que compreendia uma transposição de rio, onde um de nós tinha que atravessar o rio a nado, trazer um bote que estava na 2ª margem, embarcar a equipe com as bikes, atravessar o rio, desembarcar e seguir a prova. Dali para a chegada eram mais de 60Km, com uma passagem numa área de canavial. No briefing fomos alertados sobre a necessidade de se redobrar a atenção nesse trecho, em função da vegetação muito uniforme e caráter não permanente de estradas vicinais e caminhos.
Pois bem, nessa parte da prova nosso navegador vacilou e, depois de termos avançado num trecho não transitável do terreno, tivemos que voltar para a estrada vicinal e aumentar o percurso para ter a certeza de permanecer no caminho correto. Isso infelizmente nos custou alguns Km e horas a mais, o que abateu um pouco os membros de nossa equipe. Mas seguimos todos em frente.
Nesse último trecho, pudemos aproveitar para desfrutar do verdadeiro espírito de uma corrida de aventura, com sentimentos de amizade, quando pudemos nos desculpar mutuamente pelas cobranças e desempenho durante a prova.
Alguns Kms a mais e com 34horas de prova, cruzamos o pórtico de chegada, com a sensação do dever cumprido, com a prova toda realizada, a família aguardando ansiosamente (esse é o maior incentivo) e com dor em partes do corpo que para muitos são desconhecidas.
Nossos sinceros agradecimentos a Deus que nos permite participar dessas aventuras e voltar com saúde e inteiros, às nossas esposas e filhos que nos proporcionam momentos de treinos às vezes quase "intoleráveis" para eles, aos nossos companheiros de equipe que nos aturam durante a prova (seja com nossas chatices, cobranças ou desempenho aquém dos demais) e aos organizadores. Que venham mais, provas, mais kms, mais emoção, mais desafios e mais prazer. Porque para nós o sofrimento é a mais pura diversão.
Equipe Informar | SuperCom